sábado, 19 de abril de 2014

Diferenças entre Surdo Cegueira e DMU





DIFERENÇAS ENTRE SURDOCEGUEIRA E DMU


   É importante que se tenha clareza das semelhanças e das diferenças entre a surdo cegueira e a DMU, por isso é necessário conhecer as particularidades dessas deficiências, pois apesar de terem semelhanças elas apresentam também diferenças. Com isso é imprescindível esclarecer alguns pontos acerca dessas deficiências para melhor atuar nessa área, com o objetivo de suprir as necessidades desse público, promovendo, portanto, as adequações necessárias de maneira que estes alunos possam participar ativamente, ou seja, possam interagir com os demais colegas da escola.
     A denominação Surdo cego se dá aquele que possui dificuldades visuais e auditivas, independentemente da sua quantidade. “Uma pessoa que tenha deficiências visuais e auditivas de um grau de tal importância, que esta dupla perda sensorial cause problemas de aprendizagem, de conduta e afete suas possibilidades de trabalho”. (OLSON, Stig. Surdo cegueira. Apresentação na “A surdez: um mundo de encontro”. Santa Fé de Bogotá, 1995).
   A Surdo cegueira é uma deficiência única e especial, que requer métodos de comunicação especiais, para viver com as funções da vida cotidiana e com uma limitação que se caracteriza por sérios problemas relacionados à comunicação, ao meio, relacionados à obtenção de informações. A Surdo cegueira pode ser congênita ou adquirida. O Surdo cego congênito nasce com esta única deficiência. A Surdo cegueira adquirida é caracterizada quando a pessoa nasce ouvinte, vidente ou surda, ou cega e adquire, por diferentes fatores, a surdo cegueira.
É importante esclarecermos que as pessoas com surdo cegueira não são classificadas como múltiplas. Pois quando elas têm oportunidades interagem com o meio e com as pessoas, adequadamente. Para MclInnes (1999) a premissa básica é que a surdo cegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdo cegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor divide a surdo cegueira em quatro categorias:
- Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos,
- Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos,
- Indivíduos que se tornaram surdo cegos
- Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdo cegueira precocemente; ou seja; não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem; habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre qual possam construir  uma compreensão do mundo.
   O termo DMU é utilizado para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. Porém, não é só o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas. (MEC-2006).
Tanto as crianças com surdo cegueira, como as crianças com DMU a comunicação é o aspecto mais importante e, por isso, deve-se focar nele toda a atenção na implementação do programa educacional/terapêutico, já que é o ponto de partida para chegar a qualquer aprendizagem. A criação de rotinas consistentes e estruturadas ajuda a criança com surdo cegueira e com DMU a antecipar os próximos eventos. As interações devem ser consistentes tanto nas rotinas como nas formas de comunicação. Uma vez que a necessidade de se comunicar tenha sido estabelecida, a criança requer tempo para dar a sua resposta. A criança com surdo cegueira e DMU precisa de mais tempo para responder.
   A Surdo cegueira se diferencia da DMU na mediação da comunicação. Para poder receber, interpretar e conhecer o que está no seu entorno o surdo cego precisa do mediador bem próximo, enquanto que a pessoa com DMU terá apoio de um dos canais mais distantes.
  Recursos utilizados para a aprendizagem de alunos com surdo cegueira e com deficiências múltiplas são os objetos de referência, pois são objetos que têm significados especiais, os quais tem a função de substituir a palavra e, assim, podem representar pessoas, objetos, lugares, atividades ou conceitos associados a eles.
   São apontadas como necessidades básicas e educacionais da criança com múltiplas deficiências: ser olhada como criança; como alguém que pode aprender; ser considerada potencialmente bem-sucedida; sentir que a família e a escola têm expectativas positivas em relação a ela; estimulação constante de pessoas que se comuniquem de forma adequada e que proporcionem situações de interação; oportunidades de aprendizagens centradas em experiências de vida real; planejamento com atividades funcionais significativas; organização e estruturação dos ambientes para que se sintam seguras, dentre outras.
 São apontadas como necessidades básicas  educacionais das crianças com surdo cegueira:     Evitar o toque de muitas pessoas; estruturar o planejamento com atividades funcionais para o aluno; não infantilizar, considerar sua idade cronológica; estabelecer uma rotina previsível; estabelecer uma rotina de confiança; desenvolver um diálogo não verbal, utilizando os movimentos do aluno; utilizar as habilidades que o aluno apresenta; respeitar o tempo de aceitação; dentre outras.
  Por isso é necessário enfocar que existem algumas estratégias que são utilizadas para a aquisição da comunicação das pessoas surdo cegas e das pessoas com DMU.
  Em relação as pessoas surdos cegas, Para se elaborar estratégias de aprendizagem para uma pessoa surdo cega deve-se em primeiro lugar observar o nível intelectual e educacional alcançado pela pessoa antes de adquirir a surdo cegueira.
· Para ajudar uma criança que não apresenta nenhum resíduo visual ou auditivo a explorar o meio em que vive a si e ao outro podemos começar utilizando a técnica da “mão sob mão”, o professor coloca sua mão sob a mão do aluno e orienta o seu movimento sem a controlar, permitindo desta forma que explore o ambiente ou o seu corpo ou o corpo do professor. Esta estratégia precisa ser bem planejada e deverá ser utilizada com um objetivo de cada vez, ou seja, o ambiente deve ser planejado, e organizado adequadamente para favorecer a interação do aluno com o meio e as outras pessoas. Determinar o que vai ser trabalhado, sendo uma coisa de cada vez. Considerando-se que a memória do surdo cego tem curta duração as estratégias de aprendizagem deverão ser repetidas quantas vezes forem necessárias, até que se tenha certeza de que houve aprendizagem.
· Outra estratégia para ajudar a pessoa surdo cega a explorar o ambiente seria a orientação para subir escadas através do toque, ou seja, bater suavemente no joelho ou perna do e conduzir seu pé para o degrau seguinte. Fazer isto repetidas vezes até que a pessoa compreenda a mensagem e possa internalizá-la.
 Uma terceira estratégia seria a partir da exploração do olfato sendo possível a identificação de alguns alimentos: chocolate, café e várias frutas e associado a esta estratégia pode-se usar a associação do olfato com o tato, ou seja, quando sentir o cheiro do café permitir a pessoa surdo cega manusear um objeto relacionado ao cheiro do café como uma xícara e assim se faria com as frutas, com a terra, as árvores e outros elementos do ambiente.
  Ao pensar nas pessoas com DMU, é necessário organizar o mundo dela por meio do estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação adequada. É preciso desenvolver atividades de maneira multi sensorial para garantir aproveitamento de todos os sentidos e que sejam atividades que proporcionem uma aprendizagem significativa com oportunidades de generalizar para outros ambientes e pessoas (atividade funcional).

A pessoa com deficiência múltipla necessita de um ambiente reativo, isto é, que responda a suas iniciativas. Seu tempo de resposta deve ser respeitado e a habilidades de fazer escolhas deve estar dentro de suas atividades programadas por este motivo devemos considerar os símbolos e os gestos,  considerando primeiro o seu estágio de comunicação e suas habilidades motoras antes de optar por um sistema, o uso de fotos, objetos concretos, desenhos, contornos, são sistemas que devem ser levados em consideração tanto para estágios pré-simbólicos como simbólicos.