DIFERENÇAS ENTRE SURDOCEGUEIRA E DMU
É importante que se tenha clareza das semelhanças e das diferenças entre
a surdo cegueira e a DMU, por isso é necessário conhecer as particularidades
dessas deficiências, pois apesar de terem semelhanças elas apresentam também
diferenças. Com isso é imprescindível esclarecer alguns pontos acerca dessas
deficiências para melhor atuar nessa área, com o objetivo de suprir as
necessidades desse público, promovendo, portanto, as adequações necessárias de
maneira que estes alunos possam participar ativamente, ou seja, possam
interagir com os demais colegas da escola.
A denominação Surdo cego se dá aquele que
possui dificuldades visuais e auditivas, independentemente da sua quantidade.
“Uma pessoa que tenha deficiências visuais e auditivas de um grau de tal
importância, que esta dupla perda sensorial cause problemas de aprendizagem, de
conduta e afete suas possibilidades de trabalho”. (OLSON, Stig. Surdo cegueira.
Apresentação na “A surdez: um mundo de encontro”. Santa Fé de Bogotá, 1995).
A Surdo cegueira é uma deficiência única e especial, que requer métodos
de comunicação especiais, para viver com as funções da vida cotidiana e com uma
limitação que se caracteriza por sérios problemas relacionados à comunicação,
ao meio, relacionados à obtenção de informações. A Surdo cegueira pode ser
congênita ou adquirida. O Surdo cego congênito nasce com esta única deficiência.
A Surdo cegueira adquirida é caracterizada quando a pessoa nasce ouvinte,
vidente ou surda, ou cega e adquire, por diferentes fatores, a surdo cegueira.
É importante esclarecermos que as
pessoas com surdo cegueira não são classificadas como múltiplas. Pois quando
elas têm oportunidades interagem com o meio e com as pessoas, adequadamente.
Para MclInnes (1999) a premissa básica é que a surdo cegueira é uma deficiência
única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdo
cegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor divide a surdo
cegueira em quatro categorias:
- Indivíduos que eram cegos e se
tornaram surdos,
- Indivíduos que eram surdos e se
tornaram cegos,
- Indivíduos que se tornaram
surdo cegos
- Indivíduos que nasceram ou
adquiriram surdo cegueira precocemente; ou seja; não tiveram a oportunidade de
desenvolver linguagem; habilidades comunicativas ou cognitivas nem base
conceitual sobre qual possam construir
uma compreensão do mundo.
O termo DMU é utilizado para caracterizar o conjunto de duas ou mais
deficiências associadas de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de
comportamento social. Porém, não é só o somatório dessas alterações que
caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as
possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem
que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas. (MEC-2006).
Tanto as crianças com surdo cegueira,
como as crianças com DMU a comunicação é o aspecto mais importante e, por isso,
deve-se focar nele toda a atenção na implementação do programa
educacional/terapêutico, já que é o ponto de partida para chegar a qualquer
aprendizagem. A criação de rotinas consistentes e estruturadas ajuda a criança
com surdo cegueira e com DMU a antecipar os próximos eventos. As interações
devem ser consistentes tanto nas rotinas como nas formas de comunicação. Uma
vez que a necessidade de se comunicar tenha sido estabelecida, a criança requer
tempo para dar a sua resposta. A criança com surdo cegueira e DMU precisa de
mais tempo para responder.
A Surdo cegueira se diferencia da DMU na mediação da comunicação. Para
poder receber, interpretar e conhecer o que está no seu entorno o surdo cego
precisa do mediador bem próximo, enquanto que a pessoa com DMU terá apoio de um
dos canais mais distantes.
Recursos utilizados para a aprendizagem de alunos com surdo cegueira e
com deficiências múltiplas são os objetos de referência, pois são objetos que
têm significados especiais, os quais tem a função de substituir a palavra e,
assim, podem representar pessoas, objetos, lugares, atividades ou conceitos
associados a eles.
São apontadas como necessidades básicas e educacionais da criança com
múltiplas deficiências: ser olhada como criança; como alguém que pode aprender;
ser considerada potencialmente bem-sucedida; sentir que a família e a escola
têm expectativas positivas em relação a ela; estimulação constante de pessoas
que se comuniquem de forma adequada e que proporcionem situações de interação;
oportunidades de aprendizagens centradas em experiências de vida real;
planejamento com atividades funcionais significativas; organização e
estruturação dos ambientes para que se sintam seguras, dentre outras.
São apontadas como necessidades básicas educacionais das crianças com surdo cegueira: Evitar o toque de muitas pessoas;
estruturar o planejamento com atividades funcionais para o aluno; não
infantilizar, considerar sua idade cronológica; estabelecer uma rotina
previsível; estabelecer uma rotina de confiança; desenvolver um diálogo não
verbal, utilizando os movimentos do aluno; utilizar as habilidades que o aluno
apresenta; respeitar o tempo de aceitação; dentre outras.
Por
isso é necessário enfocar que existem algumas estratégias que são utilizadas
para a aquisição da comunicação das pessoas surdo cegas e das pessoas com DMU.
Em relação as pessoas surdos cegas, Para se elaborar estratégias de
aprendizagem para uma pessoa surdo cega deve-se em primeiro lugar observar o nível
intelectual e educacional alcançado pela pessoa antes de adquirir a surdo cegueira.
· Para ajudar uma criança que não
apresenta nenhum resíduo visual ou auditivo a explorar o meio em que vive a si
e ao outro podemos começar utilizando a técnica da “mão sob mão”, o professor
coloca sua mão sob a mão do aluno e orienta o seu movimento sem a controlar,
permitindo desta forma que explore o ambiente ou o seu corpo ou o corpo do
professor. Esta estratégia precisa ser bem planejada e deverá ser utilizada com
um objetivo de cada vez, ou seja, o ambiente deve ser planejado, e organizado
adequadamente para favorecer a interação do aluno com o meio e as outras
pessoas. Determinar o que vai ser trabalhado, sendo uma coisa de cada vez.
Considerando-se que a memória do surdo cego tem curta duração as estratégias de
aprendizagem deverão ser repetidas quantas vezes forem necessárias, até que se
tenha certeza de que houve aprendizagem.
· Outra estratégia para ajudar a
pessoa surdo cega a explorar o ambiente seria a orientação para subir escadas
através do toque, ou seja, bater suavemente no joelho ou perna do e conduzir
seu pé para o degrau seguinte. Fazer isto repetidas vezes até que a pessoa
compreenda a mensagem e possa internalizá-la.
Uma terceira estratégia seria a partir da
exploração do olfato sendo possível a identificação de alguns alimentos:
chocolate, café e várias frutas e associado a esta estratégia pode-se usar a
associação do olfato com o tato, ou seja, quando sentir o cheiro do café
permitir a pessoa surdo cega manusear um objeto relacionado ao cheiro do café
como uma xícara e assim se faria com as frutas, com a terra, as árvores e
outros elementos do ambiente.
Ao pensar nas pessoas com DMU, é necessário organizar o mundo dela por
meio do estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação adequada. É preciso
desenvolver atividades de maneira multi sensorial para garantir aproveitamento
de todos os sentidos e que sejam atividades que proporcionem uma aprendizagem
significativa com oportunidades de generalizar para outros ambientes e pessoas
(atividade funcional).
A pessoa com deficiência múltipla
necessita de um ambiente reativo, isto é, que responda a suas iniciativas. Seu
tempo de resposta deve ser respeitado e a habilidades de fazer escolhas deve estar
dentro de suas atividades programadas por este motivo devemos considerar os
símbolos e os gestos, considerando
primeiro o seu estágio de comunicação e suas habilidades motoras antes de optar
por um sistema, o uso de fotos, objetos concretos, desenhos, contornos, são
sistemas que devem ser levados em consideração tanto para estágios
pré-simbólicos como simbólicos.
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